quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

DECORAÇÃO DE APARTAMENTO EM PRETO E BRANCO

O clássico preto e branco é poderoso por si só. Neste apartamento, torna-se ainda mais especial ao ser interpretado pela mistura de estilos, histórias e a boa curadoria do morador, o designer de interiores Paulo Azeco


 Living | A partir da esquerda, escultura de luz Ropes, de Christian Haas, na Micasa, ao lado da gravura de Judith Lauand e do desenho de Esther Grinspun, ambos da Gris Escritório de Arte. Abaixo, poltrona Clip Chair, da Moooi, na Micasa. Sobre a lareira, escultura de Armarinhos Teixeira, da mesma loja. Autorretrato de Lucas Länder, da Galeria Emma Thomas, e, abaixo dele, poltrona Lounge 70 de Jorge Zalszupin e banco Cork, da Vitra, na Micasa (Foto: Edu Castello/Editora Globo)

Toda casa é um universo único para quem mora ali. Quando nos mudamos, pode parecer mais prático repetir a fórmula das anteriores, mas o designer de interiores Paulo Azeco se recusa. Prefere novas aventuras e idealiza um décor diferente para cada morada. Lá se vão cinco lares, desde que se mudou de Goiânia para São Paulo, há oito anos. Antes disso, morou em Paris, onde se especializou em curadoria de arte, e em mais uma porção de lugares. “Sou meio cigano”, ri.

Ao chegar a esta penthouse, como os americanos chamariam o apartamento aberto ao terraço, de 104 m², Paulo criou uma identidade própria. Como só tinha duas semanas para reformar o imóvel dos anos 1960, no bairro de Higienópolis, São Paulo, fez poucas alterações. Renovou as molduras de gesso originais, preservando sua história, e apostou no branco nas paredes e no piso, que recebeu poliuretano fosco. Outra parede recebeu ripas de pínus e indica sua admiração pelo estilo escandinavo.

As muitas peças de design brasileiro são pretas e dão contraponto elegante. O preto e branco, que surge em viés singular, é infalível para ele, além de refletir seu estilo pessoal. “Sou monocromático. Você pode mudar de casa, mudar de vida, e essas cores continuam interessantes.”
A mistura de elementos e estilos ganha ainda mais força por um detalhe: o designer vê importância nos vazios. “Sou louco por espaços livres. A casa precisa ter respiros.” Seu apurado olhar também é capaz de garimpar bons itens em feiras e até em Família Vende Tudo, o que traz um high-low curioso. “Leva tempo para entender o que lhe é valioso. As andanças que fiz pelo mundo ampliaram minha visão e agora sei do que gosto”, diz ele, há oito anos responsável pela área de arte da loja Micasa.
Essa casa é única, assim como a nova experiência do morador. “Estou mais caseiro agora e uso a casa toda”, diz ele, que vive com a buldogue inglesa Pina. Geralmente, as pessoas que conhecem suas casas dão propostas irrecusáveis, e ele, desapegado, vende – eis uma das razões pelas quais se mudou tanto. Vamos ver se essa resiste aos olhares.
 O dono da casa | À frente de Paulo (foto), poltrona Chair One Concrete Base, de Konstantin Grcic (Foto: Edu Castello/Editora Globo)

 Ângulo do estar | Na parede, desenhos de Siron Franco (acima) e de Artur Barrio (abaixo), sobre o carrinho-bar dos anos 1950. Ao fundo, o desenho de Lucas Länder, da galeria Emma Thomas, alia-se ao banco de madeira comprado no Bixiga, ao lado da escultura de Franz Weissman. À dir., obra multimídia de Marcelo Stefanovicz para a Gris Escritório de Arte (Foto: Edu Castello/Editora Globo)

 Estar | Atrás do sofá de veludo, da Micasa, a parede ripada de pínus dá clima escandinavo ao espaço. Nela, pintura de Bruno Rios, da Galeria Emma Thomas. Ao lado, luminária Um, de Guilherme Wentz, da Lumini, e tora de madeira encontrada em depósito de demolição (Foto: Edu Castello/Editora Globo)

 Sala de almoço | Tem poltrona de couro de Flávio de Carvalho e, sobre ela, gravura de Burle Marx, dos anos 1950. Ao fundo, móvel de madeira de uma antiga fábrica de botas americana, comprado na Micasa. Atrás da mesa Lodd, de Jader Almeida, da mesma loja, gravura de Luiz Martins. Cadeira Nagasaki Chair, de Mathieu Mangeot, dos anos 1950. Na parede, quadros diversos sobre o conjunto de mesas de papelão prensado de Frank Gehry, da Vitra, comprado na Micasa (Foto: Edu Castello/Editora Globo)

 Vista para varanda | O tapete de pele de vaca veio da fazenda em Goiás, sua terra natal. Sobre ele, o palete industrial funciona como mesa de centro. Na área externa, poltrona vintage de amianto dos anos 1970 (Foto: Edu Castello/Editora Globo)

Quarto | O grande quadro sobre a cama é um desenho de Marcelo Solá. À dir., obras de aço de Rodrigo Edelstein, da Gris Escritório de Arte. A luminária de teto veio de um hangar da aeronáutica, e as laterais foram garimpadas em Família Vende Tudo. Roupa de cama da Mundo do Enxoval (Foto: Edu Castello/Editora Globo)  


Fonte: Revista Casa e Jardim

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